Escrito com letras tortas

Após peregrinar por prontos-socorros e vários hospitais, faleceu por volta das 4h da manhã de ontem 16 de novembro na unidade hospitalar municipal do bairro Primavera o jovem de 25 anos Alex Prado Santos, acometido de uma gravíssima pneumonia. Como explicação para o prematuro falecimento, a inércia e desrespeito ao cidadão por parte do aparato de saúde disponível a população de baixa renda.

Estive na tarde de ontem na residência de sua mãe a senhora Bete, onde estava sendo velado o corpo, a chorosa e angustiada senhora em prantos me relatou os últimos momentos de vida do seu filho, não tenho a mínima dúvida em creditar essa perca irreparável do falecimento do Alex, a omissão e negligencia de médicos e enfermeiros da unidade de saúde do bairro Primavera, quando solicitado por varias vezes para atenderem ao paciente sendo negada essa prestação de serviços em virtude dos plantonistas estarem dormindo no local de trabalho, ao amanhecer o dia o médico após o seu desjejum teve apenas o trabalho de olhar o corpo do rapaz inerte já quase sem vida, e para se eximir de qualquer responsabilidade determinou sua transferência para uma unidade de tratamento intensiva que na realidade configurava-se apenas a decretação do estado de falência do paciente.

Com a morte do Alex fica um desalento para a família e uma lacuna impreenchível para seus verdadeiros amigos. Faço questão de me autoincluir nesse rol, pois é dispensável qualquer comentário entre os que conheciam o Carlos Amorim e o Alex Prado, tínhamos uma amizade muito grande, havia entre nós um respeito mútuo e uma empatia natural, por várias vezes fui seu ouvidor e confidente de suas histórias, seus desejos e projetos, um dos seus sonhos que não conseguiu realizar era ser um renomado profissional e com seu trabalho, esforço e suor derramado, pretendia oferecer toda proteção necessária para o bem estar e conforto a sua mãe até o final de seus dias, pois entendia que ela sacrificou-se para acompanhá-lo em suas atividades escolares não evitando esforços em lhe oferecer tudo que estava ao seu alcance para que tivesse progresso em sua vida.

Como ex-diretor da Associação dos Cegos do Estado do Piauí/ACEP em dois mandatos jamais tive a mínima dúvida de indicá-lo como futuro presidente da ACEP com imensas possibilidades de tornar-se o maior ícone da ACEP pela sua competência, inteligência, companheirismo, responsabilidade e dedicação absoluta às tarefas escolares.

Na minha concepção a ACEP com o desaparecimento desse jovem ficou reduzidíssimo no que tange a futuros valores com potencial para unir e desenvolver esse segmento de pessoas com deficiência visual.

Mais uma vez apresenta-se a nós a realidade que preconiza a lei da vida, “o homem nasce cresce e morre até os confins dos séculos” e o que prevaleceu nesse jogo da vida não foi a vontade do Alex, nem a minha e nem a sua e sim a vontade de Deus.

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Jornalista Carlos Amorim
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