O Brasil é signatário da convenção da ONU realizada em Salamanca na Espanha, cujo texto foi ratificado na constituição do Brasil, garantindo-lhe prerrogativas de lei nacional como sendo aprovada, sancionada e publicada no Diário Oficial brasileiro. Os 193 países componentes desse evento decidiram por absoluta maioria as seguintes denominações, ou nomenclaturas: pessoa com deficiência visual ou pessoa cega, pessoa com deficiência auditiva, pessoa com deficiência intelectual, pessoa com deficiência física, muletante, cadeirante, pessoa com Síndrome de Down, pessoa com transtorno do espectro autista, múltiplas deficiências e deficiência sensoriais.
É importante informar que houve anteriormente a convenção de Genebra na Suíça e a de Nova Iorque nos Estados Unidos, quando a nossa representante Drª. Isabel Maior(cadeirante) cunhou a célebre frase que foi aprovada por unanimidade: “Nada sobre nós sem nós”. No Brasil foram elaboradas algumas leis com o objetivo de assegurar garantias de direitos a pessoas com algum tipo de deficiência, lamentavelmente estão no rol das “natimortas”, ex: Leis 10,048; 10,098; decretos 3.298 e 5.296 incluindo o Estatuto Nacional da Pessoa com Deficiência Lei 13.146/2015-LBI. Em 2024 foi realizado vários eventos para propagar, divulgar e massificar o projeto “Cidade Inclusiva Transversal”, no meu entendimento até a presente data não saiu do papel.
Fui despertado no inicio da noite de domingo pela senhora Josélia (com deficiência visual) dando conta do programa denominado “Cegos que enxergam” estreando na rádio Pioneira de Teresina, produção independente apresentado por dois comunicadores com deficiência visual, Chico Costa e Luiz Sampaio. A princípio percebi facilmente que retroagimos ao início da ACEP na rádio difusora de Teresina e nos anos 90 na rádio pioneira de Teresina.
Por incrível que pareça as garantias da política de acessibilidade no quesito “politicamente correto” foi ignorado de forma brutal, desinformando, desorientando e dificultando a recepção da informação que posso denominar “trocar 6 por meia dúzia com prejuízos severos” em virtude que nos dias atuais há uma eferverscência gigantesca ao processo de inclusão, integração, socialização e capacitação dessa fatia de brasileiros e brasileiras com deficiência.
Detectei a verbalização correta “pessoa cega” apenas e tão somente quatro vezes, duas pelo Chico Costa, uma pelo Luiz Sampaio e a outra pela entrevistada Verbena. No decorrer de 30 minutos ouvi mais de uma dezena de vezes a palavra, o cego, o cego, o cego, o cego…
Entendo a necessidade da haver uma elaboração mais cuidadosa para que surjam os efeitos desejados. As nossas carências sabemos perfeitamente quais são, a questão da egolatria, da autopropaganda e do individualismo de cada pessoa acepiana devem ser evitadas para dar lugar a informação necessária a sociedade, para nos reconhecer como pessoas dignas, trabalhadoras, produtivas, inteligentes e que seus direitos ao ir e vir devem ser respeitados, como também, as garantias a prioridade, preferência, primazia e acesso legalmente constituídos pela legislação das três esferas de governo.
Quero deixar bem claro que fui surpreendido com a estreia do programa, embora há três dias estive na Acep encontrando o Chico Costa e Luiz Sampaio no restaurante. Um forte abraço a todos, êxito, sucesso e que tenham os objetivos alcançados em prol de toda a família da Associação dos Cegos do Piauí-Acep.
OBS.: O ato de ver é apenas e tão somente com o olho, desde que o nervo ocular esteja perfeito, O ato de enxergar é realizado pela mente, significando dizer que ver é uma coisa enxergar é outra. É importante que estudemos alguns aspectos complexos para não cometermos heresias e boçalidades.
Carlos Amorim DRT 2081/PI