É importante que o transeunte e sociedade de modo geral tenham discernimento de entender que o simples ato voluntário e solidário de atender a pessoa com deficiência para auxiliá-lo em uma dificuldade no seu ir e vir, para transpor uma via ou para superar um obstáculo principalmente os cegos, é importante haver responsabilidade, conhecimento e respeito por parte de quem se propõe a executar o ato louvável de ajudar.
Quinta-feira passada por volta das 19h30 desci de um ônibus na Avenida Frei Serafim sentido centro, em frente ao hospital Getúlio Vargas. Esse trajeto é muito conhecido por mim, tenho o domínio territorial de todo o espaço. Meu itinerário normal e diário é feito pelo acostamento em razão das calçadas estarem tomadas literalmente por estacionamentos de automóveis. Seguia em direção ao cruzamento da Rua Desembargador Pires de Castro e Frei Serafim sentido igreja são Benedito. Parei no ponto ideal aguardando o semáforo fechar, como eu tenho o domínio daquela artéria prefiro transpor a avenida no sentido passeio faixa central da avenida citada sendo que eu me posto na esquina na frente da faixa de pedestre.
Um cidadão achou por bem me auxiliar informando que ali eu corria risco, pois estava na extremidade da passagem de carros que se dirigem na Pires de Castro no sentido zona norte. Fui perguntado; – posso lhe ajudar? A resposta foi positiva, ele disse; – venha um pouco mais para a direita, só que a direita que ele indicou era a direita dele, eu segui a informação no sentido contrário, isto é a minha direita. Com toda aquela confusão me desorientei e disse a ele; – me coloque na faixa, por favor, o sinal fechou e ele disse pode seguir um pouquinho mais pra direita, obedeci e quando cheguei no meio da via percebi que algo estava errado, pois passava carro com velocidade no meu lado direito e lado esquerdo, resolvi parar, foi quando ele chegou desesperado dizendo que eu entendi tudo errado.
Nessa questão existem dois pontos cruciais envolvendo irresponsabilidade, ignorância e desobediência a Legislação Federal, especialmente a quem dá garantia da prioridade em qualquer via. Todos aqueles condutores daqueles veículos que passaram por mim desrespeitando minha deficiência o fazem pela total certeza da impunidade, ausência do poder público, da inércia, conivência e omissão das nossas autoridades, pois o correto seria que eles parassem para que eu seguisse o trajeto evitando uma tragédia com um desfecho com vítima fatal.
Tenho incansavelmente solicitado aqueles que comandam e que detém concessões públicas para a necessidade premente de veiculação de matérias educativas para que a sociedade tome conhecimento das 107 mil pessoas com deficiências no município de Teresina. Todo esse contingente tem acesso aos bens e serviços disponibilizados a toda população, mas no nosso caso somos excluídos e desrespeitados nos mais elementares direitos.
Hoje eu poderia estar confortavelmente adormecido em meus restos mortais em um túmulo num cemitério qualquer com os dizeres escritos em minha lápide (aqui jaz Carlos Amorim).
Temos um exemplo real com um companheiro nosso com deficiência de saudosa memória, Claudemir, que foi atropelado violentamente em cima da faixa de pedestre situada em frente ao shopping Teresina, semáforo vermelho sinal sonoro acionada, apesar de todo esse aparato foi violentado assassinado por um elemento que conduzia um automóvel em altíssima velocidade e ganhou como premio pelo ato maravilhoso que cometeu a IMPUNIDADE.