Cultura inútil

A TV globo veiculou durante muito tempo um programa de humor denominado de “viva o gordo”, por motivo que foge o meu conhecimento esse programa foi extinto.

Durante uma semana foi promovido o VIII Salipi, com suas instalações à Praça Pedro II. Lá ocorreram concedendo substancial apoio ao referido evento; imprensa falada, escrita e televisada, autoridades para todos os gostos e paladares, editoras das mais renomadas e simplórias se fizeram presentes, milhares de pessoas se acotovelaram com a finalidade de degustar a tão propalada cultura. Muitos estudantes felizes entre aquelas barracas conduzindo em suas mãos apenas um saco de pipocas.

Acompanhei e ouvi atentamente tudo que ali acontecia; entrevistas tendenciosas, falsos elogios, falácia do progresso educacional e futuro próspero à criança estudante favelada.

Certo repórter com garbosa eloquência ao entrevistar um promotor de vendas de uma grande editora de reconhecimento nacional, quis saber em quantas parcelas quitaria uma assinatura de um dos produtos a venda, o entrevistado fez um relato digno de causar inveja ao mais brilhante economista. Faria abatimento, parcelaria, receberia cheque pré- datado com prazo de até 90 dias. O cliente poderia usar o cartão de crédito ou boleto se preferisse e concluiu sua mercantil entrevista anunciando que ninguém ficaria sem levar o produto, pois ele venderia fiado e brindava o cliente com algum trocado.

Após essa Merchant percebi que o fundamental ali era vender. Houve alguns entrevistados que fizeram alguns apelos para que os valores dos vales para compras de livros fossem aumentados, outros disseram que em Teresina o movimento é bom, pois faturaram algum dinheiro e aproveitando o fato da mídia graciosa divulgaram suas futuras agendas.

Ouvi a entrevista de uma professora comentando muito orgulhosa, que os alunos oriundos de certo município ali estavam por terem preenchido requisitos como assiduidade, destaque em sala de aula, esquecendo-se de mencionar quais obras e seus respectivos autores que esses invejáveis alunos tinham conhecimento.

Os entrevistadores dessas emissoras com estúdios avançados no local pecaram por omissão ou desconhecimento em não explorarem em pauta temas semelhantes a este que menciono.

No âmbito da pessoa com deficiência não tive conhecimento sequer de um cadeirante naquele badalado evento. A editora do congresso Nacional se fez presente e entregou livros em Braile e a tinta a uma meia dúzia de cegos elitizados e privilegiados. 99.9% da comunidade de cegos existentes no Piauí foram esquecidos  e totalmente excluídos. Como conheço bem a questão do cego dessa região, aqueles livros que foram oferecidos na pomposa solenidade deverão estar guardados em gavetas ou se forem volumosos, servindo como assento para que eles sintam-se mais confortáveis em suas comodidades.

Lembro-me que num passado bem recente, um ex-presidente da ACEP ao ser abordado por um oficial de justiça e três oficiais da polícia militar do Piauí para cumprimento de um mandado de segurança, o despreparado professor informou as autoridades que aquele documento não valia nada porque ali quem mandava era ele.

Fica aqui a minha inquietação. A quem interessa o Salipi? Que tipo de cultura ele ofereceu ao estudante? Gostaria que fosse feito no próximo evento uma enquete entre os visitantes. Quais as obras de seus conhecimentos? Quais os autores preferidos por eles? Seriam capazes de citar um trecho de um livro lido? então haveria de fato um termômetro da propalada cultura aos quatro cantos do Piauí.

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Jornalista Carlos Amorim
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