Extermínio midiático

Dizem que no Brasil o crime compensa, embora tenhamos a justiça federal, justiça militar, justiça do trabalho, justiça do supremo tribunal federal, justiça eleitoral, justiça esportiva, justiça estadual, justiça comum, justiça de pequenas causas, mesmo assim existe a famigerada justiça eletrônica executada por justiceiros midiáticos realizada diariamente por cuspidores de microfones de rádio e televisão, que ancoram programas policiais que deveria ser apenas e tão somente informações jornalísticas transformadas em verdadeiros crimes hediondos.

Indivíduos despreparados, desinformados, mal intencionados agridem, ameaçam e condenam acusados sem qualquer tipo de defesa, direito ao contraditório, presunção da inocência, direito ao devido processo legal, verdadeiro rasga, rasga dos ditames da Carta Magna brasileira, havendo gritante agravante, incentivo a olho por olho, dente por dente, elogios a matança do que eles adjetivam de bandidos e efusivos elogios de forma indevida a policiais fora da lei, cumulado com adágio que “bandido bom é bandido morto”.

Aproveitando o ensejo temos no Congresso Nacional a bancada da bala, formada por saudosistas do processo de exceção de 1964. É inadmissível que as autoridades brasileiras afins permitam silenciosamente esse tipo de abuso que desrespeita e destrói os órgãos de justiça do Brasil, desmoralizando as funções legalmente constituídas, os inquéritos da polícia judiciária, as prisões ostensiva da Polícia Militar, os pareceres do Ministério Público e os julgamentos da justiça nas três esferas desse poder.

Costumo ouvir comentários de boçais na tentativa de reconhecimento, notoriedade, notabilidade e sensacionalismo barato ao propagarem, massificarem e divulgarem seus torpes pensamentos que descredenciam o estado democrático de direito, cito: trabalho forçado na cadeia, prisão perpétua, pena de morte, desconhecendo de forma brutal cláusulas pétreas da constituição do Brasil.

Um indivíduo maledicente a ordem legal, travestido de bom moço como conselheiro, assevera todos os dias de segunda a sexta-feira em um programa de televisão que menores infratores mostrados em seu programa aprendidos serão apresentados no dia seguinte dentro de um caixão ou na pedra do IML, é o caminho desses vagabundos, bandidos e assassinos. O que é lamentável de tudo isso é o apoio dos patrocinadores que colocam o nome de suas empresas para que sejam umedecidos de sangue e injustiça em busca do vil metal, através de uma mentira brutal e inaceitável divulgada e propagada em uma concessão pública de rádio e televisão. Esses programas que proliferam em gigantescas redes, deveriam ter suas ações nefastas regulamentadas através de lei do Congresso Nacional, as exibições seriam na madrugada no horário de meia-noite às 6 da manhã.

Uma questão muito grave refere-se a postura do policial, principalmente no quesito acusação, a sua manifestação na absoluta maioria das vezes não condizem com a realidade do flagrante, principalmente quando o detido é preto, pobre e indefeso, lhes pesam todo tipo de acusações, desrespeitando deveras os direitos humanos, como também as audiências de custódia, havendo o ilícito a olho nu, a exibição do detido de forma explicita na tela da televisão é vedado por lei federal, o regozijo de boçais, idiotas e ignorantes que asseveram não haver qualquer tipo de arbitrariedade em virtude que a matéria foi realizada em via pública, percebe-se facilmente que a lei no Brasil não foi feita para ser respeitada.

Recentemente eu almoçava em um restaurante e a televisão apresentava em tela cheia a exumação de um cadáver para exame de comparação de projéteis. Tenho convicção que o estardalhaço gera audiência de uma sociedade inconsequente havida por justiça a qualquer custo.

Carlos Amorim DRT 2081/PI

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Jornalista Carlos Amorim
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