Estive recentemente com o Chiquinho “o poeta”, filho de minha tia Osmarina, foi criado pela professora de piano Adelaide, residiu toda sua vida na Rua Lisandro Nogueira quase cruzamento com a Rua David Caldas, coincidentemente naquela ocasião o jovem escritor fazia o lançamento do seu mais novo livro no bar do Teatro 4 de setembro na Praça Pedro II, lisonjeado com o convite de forma espontânea me acomodei ao seu lado e beberiquei uma saborosa cajuína, nesse ínterim estacionou um veículo com o rádio sintonizado na rádio Pioneira, ao ouvir o velho lero-lero ou cerca lourenço eivado de lorota não me contive ao ouvir o seguinte anúncio, “a rádio que você tem voz e vez”. Lembro-me que fui interpelado por alguém querendo saber a razão do meu sorriso, expliquei em voz alta (todos ouviram), o diretor dessa emissora Dílson Tavares, de forma acintosa, arrogante, truculenta, insana e mal educada disse-me na gerência da emissora que eu teria que criar uma rádio para falar, pois só ouvia minha voz na emissora, (tenho testemunhas do crime) imediatamente me veio a espontânea reação, tal filho, tal pai, ambos são…
Nesta terça-feira por volta 8h40 recebi ligação de um conhecido para que ouvisse homenagem feita ao dinossauro da Pioneira Joel Silva, comemorando 55 anos de prefixo, me detive ouvindo e analisando atentamente a fábrica de confetes protagonizada por aqueles desocupados. Por ter vastíssimo conhecimento dos primórdios da emissora, inclusive do sumiço do gerador que funcionava à Rua Barroso que escafedeu-se misteriosamente, como não poderia deixar de ser, lembrei-me com riqueza de detalhes de dois fenômenos da comunicação do Piauí daqueles áureos tempos, Roque Moreira e Bené Reis, eu daria a minha vida para conhecer a reação dessas duas vítimas do Joel Silva, foram trucidadas de forma desumana por questão de inveja e conquista de espaço de toda a natureza, lamentavelmente o primeiro nome que mencionei já não está conosco nesse plano, levou suas mágoas, angustias, desencantos consigo para a eternidade. Há um adágio muito conhecido que identifica e qualifica todo esse meu comentário, “quem bate esquece, quem apanha lembra” até mesmo após a morte (não quero desenterrar a história nefasta de eleição do PDTista derrotado).
Fico cá com meus botões imaginando se o que fazemos neste plano terreno de bem ou mal pagamos aqui mesmo ou além-mar? Entendo até que me prove o contrário as complexidades do ser humano no mais alto grau superlativo, lamentavelmente muitas das vezes os motivos são fúteis, vaidades, orgulhos, egocentricidade, individualismo e totalitarismo boçalistico que em tempo muito próximo receberá a recompensa por todos os gestos malignos algumas pás de terra na cara e aí adeus Corina. O festival de hipocrisia, mentiras e bravatas levadas ao conhecimento não na boca do povo, mas também no ouvido foi algo estarrecedor e inédito, cada um daqueles teleguiados tiveram o seu quinhão de bobagem a expressar como homenagem a tantos episódios da carreira artística e circense do homenageado, sem contar os crimes promovidos ao longo de cinco décadas e meia. Ouvindo as mensagens imagino que escolhidas a dedo, os contemplados eram noviços em participações em programas da rádio.
Em janeiro de 2000 retornei definitivamente para Teresina, são 24 anos ininterruptos nesta terra de Saraiva, participando diariamente da comunicação de rádio, televisão portal e outros. Lembro-me do painel da cidade ainda sem censura, que somava uma média de 40 participações por programa, aqueles abnegados apoiadores e admiradores sumiram todos, uns morreram outros envelheceram alguns se decepcionaram outros frustraram-se e muitos foram censurados pela rádio da Arquidiocese de Teresina.
É evidente que a tentativa de colorir o pavão mais do que o é foi imenso, mas sem êxito, não posso entender que alguém com o esforço do seu labor, educou sua família e esse fato seja reconhecido como fenomenal, eu particularmente o trato com normalidade. No quesito ícones do rádio brasileiro poderia citar 100 nomes, mas vou me limitar apenas alguns, Odair Marzano, Adelzon Alves, Zé Carioca, Antônio Carlos, Cidinha Campos, Daisy Lúcidi, Haroldo de Andrade, João Saldanha, Fiori Gigliotti e tantos outros, esses fenômenos estão a anos-luz do nosso homenageado de ontem, jubilado, bajulado e ovacionado Joel Silva (o axioma – verdade verdadeira), oriundo das matas dos bacurizais de Caxias do Maranhão. Sinceramente senti-me usado como o bobo da corte, obrigado a bater palmas sem querer.
Carlos Amorim DRT 2081/PI