Há 3 dias escrevi matéria neste veículo denominada de pipoca de soja, ao finalizar minha trajetória registrei minha última função no Maracanã, local de prática de futebol, como não poderia deixar de ser convivi por 5 anos com o Zagallo ao alcance de minhas mãos, era um homem temperamental, agressivo e polêmico, após sua morte descobriram que o Zagallo foi um poço de candura, mais uma vez o adágio popular confirma (quem quiser ser bom, que morra).
Três episódios protagonizados pelo falecido, poderia mencionar mil, mas deixarei três pérolas para exemplificar o comentário.
– Quem não se lembra da célebre frase “vocês vão ter que me engolir…”.
– O aviãozinho simulado pelo Zagallo após a vitória da taça América, quem estava mais próximo ouviu a verbalização que a massa expectadora não conseguiu.
– Em uma coletiva após exibição ruim da seleção brasileira o Zagallo se indispôs com um jornalista que criticou o sistema tático do selecionado, o Zagallo retrucou, gritou, xingou porra várias vezes dizendo ao seu interlocutor, o momento é teu, toma conta, assume, faça o que quiseres, retirando-se em seguida.
Estou dando esses exemplos apenas e tão somente para mencionar altos e baixos do ser humano, longe de mim de tentar o mínimo possível depreciar, desvalorizar e desconstruir a histórica trajetória futebolística do Zagallo, tanto dentro, como fora dos gramados do mundo inteiro por onde tenha passado.
Reconheço no Zagallo um homem vitorioso e vencedor, iluminado pelo cosmo, abençoado por Deus e predestinado para ser o que foi, muito austero, disciplinador e exigente. Como missão de todo indivíduo vivo neste planeta, a única certeza que chegará um dia é a morte. O Zagallo nos deixou na noite de sexta-feira (5) hospitalizado há dias para tratamento da sua debilitada saúde na cidade do Rio de Janeiro, irá compor o elenco dos grandes craques e técnicos futebolísticos do infinito.
Lembro-me que em 2005, quando fui convidado pela CBF na pessoa do técnico Parreira, para uma partida de futebol oficial da Fifa realizado no estádio Mané Garrincha em Brasília, quando o Brasil aplicou uma goleada na seleção do Chile por 5X0 o Zagallo se fez presente, mas não se manifestou publicamente, meu primeiro contato com o Parreira no hotel entreguei-lhe envelope contendo 20 fotos tamanho 30X30, a imagem era do Chicão, deficiente visual, sete vezes campeão de luta de braço, naquele dia ele estava no Japão para um combate mundial, o Parreira abriu o envelope elogiou as fotos e principalmente os troféus ostentado pelo campeão, após isso contou 13 fotos e me entregou as demais comentando, é a síndrome Zagallo, as demais fotografias distribui para alguns atletas próximo aquele episódio
Todas as homenagens possíveis ao Mário Jorge Lobo Zagallo, serão poucas em virtude do imenso trabalho desenvolvido ao futebol brasileiro que vai desde o primeiro gol que marcou contra a seleção da Suíça em 1958, até a última vitória que conseguiu deitado em um leito de hospital, respirar pela última vez na vida, algo que imagino ser dádiva divina.
Que Deus conceda o lugar que ele merece na eternidade. Aqui deixo o meu adeus para sempre.
Carlos Amorim DRT 2081/PI