Segunda-feira (21) a Associação dos Cegos do Piauí-ACEP promoveu solenidade virtual em comemoração aos 54 anos de fundação, é evidente que a tradicionalidade cultural cultuada nos primórdios dessa instituição ainda muito viva nas mentes, no sangue e na alma dos que foram educados recebendo ensinamentos que “o ceguinho” teria a obrigatoriedade de submissão às atrocidades da classe dominadora, embora de forma tímida, tivessem a oportunidade de conhecerem as primeiras letras do alfabeto como sendo processo de grande desenvolvimento garantidor de brilhante futuro. Aquele contingente adjetivado de “sucata humana”, sendo resgatada para inserção no seio da sociedade, não suficiente para alcançar emancipação, integração, inclusão e independência de fato e de direito.
Vivemos o ano 21, século XXI, nesse espaço de tempo muitas coisas mudaram, existe uma falsa legislação de proteção a garantias de direitos a pessoa com algum tipo de deficiência, lamentavelmente inexpressiva de ações retrógradas, obsoletas, vencidas e ultrapassadas que são fortalecidas a cada minuto por intransigência, arrogância, truculência, irresponsabilidade e o câncer que posso denominar de impunidade.
O contingente de pessoa com deficiência no Brasil é vítima constante de atrocidades protagonizadas por agentes dos três poderes da República, seus famigerados serviçais, percebe-se facilmente o comodismo, parcimônia, renuncia e omissão das próprias vítimas que inertes calam-se perante poderosos ancorados pela injustiça, amedrontados, acovardados e coagidos, aceitando indecorosas propostas como sendo coisas normais e corretas, enquanto isso, oportunistas e corruptos amealham como forma de enriquecimento ilícito fábulas em nome de um conjunto de ignorante, analfabeto e faminto.
Não quero com essas expressões insinuar que as pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil sejam incapazes fadadas a eterna miséria e como sobreviventes a mendicância, mas, porém, contudo, no entanto, os privilegiados com algum tipo de deficiência é um número ainda irrisório, quase que invisível. Em breve análise, apenas abrangendo o estado do Piauí, nesse exato momento clareia na minha mente cinco nomes de indivíduos com algum tipo de deficiência de notoriedade e notabilidade perante a sociedade nessas “plagras do rio abaixo, rio a riba de nossa província”.
É importante informar que a ascensão dessa gente em sua absoluta maioria, tem a benção e o apoio de alguém que tem esses bobos presos ao alcance de suas mãos como matéria-prima e bode expiatório para promoverem média perante a opinião pública e sociedade com finalidades escusas, especialmente desonestas.
Quero deixar bem claro que o trabalho que faço de forma graciosa tem uma única intenção, educar, conscientizar e politizar a sociedade para entender e aprender como oferecer auxílio a uma pessoa com algum tipo de deficiência em uma via pública ou em algum recinto qualquer que seja. O ato de gentileza oferecido, não pode ser confundido com esmola ou a tradicional “boa ação do dia, trata-se apenas e tão somente exercício de cidadania em mão dupla, beneficiando quem recebe e quem oferta.
A vastíssima legislação vigente no Brasil pertinente as garantias de direitos às pessoas com algum tipo de deficiência, no caso específico a Lei Brasileira da Inclusão-LBI nº 13.146/2015 como também, a Convenção da ONU realizada em Salamanca na Espanha, cuja redação ratificada na constituição do Brasil são aviltadas, desobedecidas, desmoralizadas e ignoradas 24h/dia por órgãos de imprensa, justiça, poderes executivos e legislativos, autoridades e sociedade. É comum as imbecilizadas denominações: Portador de deficiência, portador de necessidades especiais, o cego, a cega, o surdo e mudo, o doido, o aleijado e outros, todos de agravantes pejorativos com objetivo de humilhar e descredenciar a pessoa com algum tipo de deficiência.
Eu poderia dar centenas de exemplos como forma de enfatizar minha indignação com tanta safadeza desenvolvida impunemente, qualquer peça promovida pelo poder judiciário englobando OAB, Tribunal de Justiça, Fóruns, Ministério Público, Defensoria Pública e Procuradoria da República, sendo o objeto referente a pessoa com algum tipo de deficiência o indecente agente público mencionará várias palavras inapropriadas com o tal (portador de deficiência e portador de necessidades especiais). É facilmente identificável que esses maus carácteres agem de forma absoluta recebendo como prêmio a anuência dos seus superiores hierárquicos, portanto a cultura do coitadinho do ceguinho e a do ceguinho com a cuia na mão perdurará por séculos a fio se permanecerem os canalhas ocupando o Congresso Nacional.
Quero externar meu pensamento a entidade de deficientes visuais que pertenço, vaticino que em breve espaço de tempo sua história não perdurará até o limiar do século XXI, permanecendo o tipo de administração que existe a uma média de 30 anos. Quem viver verá uma PPP determinando as ordens a serem cumpridas, rigorosa, áspera e ácida.
Carlos Amorim DRT 2081/PI