31 de março de 1964 o Brasil sofreu golpe militar, iniciando-se o trágico processo de cruel ditadura, quando as instituições e poderes constituídos foram defenestrados com a ascensão dos generais comandando o Brasil. Foram 21 anos de massacre ao processo democrático brasileiro concluído em 1985 acompanhada da célebre frase (quem pode manda, quem tem juízo obedece).
Tenho 71 anos de idade, lembro-me perfeitamente a gravidade e truculência daquela ocasião, autoridades legalmente constituídas, sendo presas de forma humilhante, ouviam-se verdadeiros alaridos pronunciando a frase “chegou o comunismo”, os mais fragilizados assustados e acovardados espalhavam boatos que o processo proclamado por generais acabaria com tudo, até comer criancinhas, foi de fato uma época de vaca desconhecer bezerro, os que ousaram enfrentar os milicos foram mortos, presos, exilados e expulsos dos seus lares em direção ao castigo em outros países. Intelectuais, políticos e sociedade civil organizada comeram o pão que o diabo amassou, servidores públicos perderam seus empregos, intervenção maciça em todas as instâncias brasileiras com a presença dos intrusos, dedos duros, olheiros e X9, as redações jornalísticas de rádio e televisão amargaram terrível opressão, muitas das vezes produtores, redatores, revisores e outros não sabiam que o colega a seu lado era um informante a serviço do sistema censura implantado em todo Brasil.
Os milicos que tomaram as rédeas da nação brasileira, Humberto de Alencar Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel, João Batista Figueiredo, indistintamente tiveram suas mãos sujas de sangue em virtude de terríveis atrocidades cometidas contra o povo brasileiro, portanto ao aniversário de 59 anos dessa tragédia acometida contra o povo e a nação brasileira é motivo de reflexão profunda. É importante lembrarmos que o último presidente dessa geração ditatorial acossado e pressionado pela massa brasileira em busca das liberdades das garantias de direitos e do voto foram vitoriosos, quando foi assinada a anistia ampla, geral, irrestrita autorizando os exilados que retornassem ao Brasil.
Sou testemunha ao recepcionar Leonel de Moura Brizola, desembarcando no Rio de janeiro procedente de Porto Alegre, erguendo o braço esquerdo com o punho cerrado pronunciar em alto e bom tom “Lugar de brasileiro é no Brasil”, daquele momento em diante juntaram-se Fernando Henrique Cardoso, Gabeira, Miguel Arrais, Gilberto Gil, Caetano Veloso e tantos outros que com muita resistência, grandeza, honradez e propósito cívico, conduziram o Brasil a conquista da Carta Magna brasileira de 05 de outubro de 1988.
Estou fazendo este breve relato de pequenos episódios ocorrido nesse gigantesco emaranhado de muito desgaste para reconquistar o que perdemos em 1964, muitos tombaram ficando a beira do caminho sem que vivesse os ares de liberdades pelo qual lutaram até a morte, por incrível que pareça nos dias atuais absoluta maioria dos brasileiros não tem conhecimento da história recente do Brasil, tão importante quanto a descoberta de Cabral em 1500, quando Pero Vaz de Caminha deslumbrado com a natureza brasileira descreveu ao rei de Portugal tudo que testemunhara, acrescentando com ênfase “Nesta terra de homens nus, se plantando tudo dá” de lá até a presente data vivemos altos e baixos.
Plagiando o poeta, “enquanto um chora o outo sorri”, lamentavelmente foram muitas tentativas e poucos acertos em face de assistirmos crianças morrendo a míngua e de fome, em decorrência de insensibilidades, irresponsabilidades e descompromissos de oportunistas e bandidos brasileiros que se perpetuam no comando da nação, trabalhando com efusividade para o quanto pior melhor. Dane-se o mundo e vida eterna nababesca as suas gerações.
O general de cavalaria João Batista de Figueiredo, ao descer a rampa do palácio central do Brasil concedeu brevíssima entrevista com as seguintes palavras “Me esqueçam, pois gosto mais do cheiro dos cavalos que do povo”, e foi-se para sempre amém.
A Retomada a garantia de direito ao voto veio com a eleição de Tancredo Neves, que não assumiu o poder em virtude de problemas de saúde. A nação brasileira caiu no colo de José Sarney, que cunhou “Deus seja louvado” na nova moeda brasileira “o cruzado”. Após o desastre protagonizado pelo pinheirense, veio a estonteante vitória do Fernando Color, que pelo superfaturamento de uma camionete Elba no valor de dose mil reais, foi defenestrado do poder por impeachment. Enquanto isso um certo gênio da cocada preta roubou bilhões dos cofres da nação brasileira. Pense nisso e compare o antes e o depois.
Carlos Amorim DRT 2081/PI