Uma coisa e outra coisa

Dia 12 próximo passado foi comemorado a data em homenagem aos namorados, dois homens que se amam que tem consolidado sua união através do casamento civil, foram atacados de forma vil por indivíduos homofóbicos, reagindo a homenagem feita por um dos membros do casal que realizou ao marido declarando-lhe todo amor que houver, esse episódio teve repercussão em todo Brasil, cinco dias após o fato, William Bonner, ao apresentar o Jornal Nacional na TV Globo se congratulou com as vítimas apresentando uma glosa de termos probantes favoráveis a punições severas aos autores, veiculando inquietações, angustias, constrangimentos de vítimas do inaceitável crime.

Entendo que os fatos são merecedores de todas as penalidades possíveis, mas faço algumas considerações, comparando o sabor do vinho envelhecido em barril de carvalho da safra de 1938 e o amargor de uma dose de cachaça “chora na rampa”, produzido em maio do corrente ano no município de Morro Cabeça no Tempo-PI. Vejamos: o detentor da concessão pública rádio difusora de Teresina, Mário Rogério da Costa Soares, asseverou em uma gravação a justiça que brincou, quando declarou aos microfones da rádio casca de ovo de pato “que não comia viado, pois é hétero, não adiantava viado andar atrás dele, pois não era adepto a essa classe”, acrescentou em sua ignomínia que sua mulher estava puta da vida com ele por causa dos assédios dos viados insistentes (moral da história: Está palitando dentes contemplado com a impunidade da justiça).

O ex-deputado estadual Tomaz Teixeira, declarou na mesma emissora, que o jornalista Carlos Amorim, é medíocre e não muda de calçada para inimigo, principalmente para um cego safado como ele (moral da história: Durante o julgamento aplicou vários murros na mesa do juiz titular da 8ª Vara Criminal de Teresina, recebeu como decisão de sentença perdão judicial).

A jornalista Antônia Geneide Santos, lotada no gabinete da vice-governadora do Piauí Regina Sousa, e o jornalista Toni Trindade, enquanto diretor da TV Assembleia, agrediram presencialmente esse jornalista ao asseverarem: “És um cego que usa a cegueira para receber atendimento privilegiado e prejudicar as pessoas” (moral da história: A titular do juizado Centro, ao julgar improcedente minha ação de danos morais e materiais em desfavor dessa senhora, inverteu o ônus da culpa do pedido na inicial em favor da reclamada a favorecendo com indenização de R$ 1.500,00. Atenção: Não durma com esse barulho pode não acordar mais).

A juíza titular do juizado Centro, ao rechaçar denúncia deste jornalista a corregedoria do TJ-PI asseverou: Esse senhor Carlos Amorim, é um cego que abusa do seu direito para coagir, ameaçar e exigir atendimento prioritário diferenciado, se arvorando de ser jornalista (moral da história: A corregedoria da província e a nacional, julgaram esse procedimento de injuria como manifestação elogiosa a um cidadão com deficiência).

A promotora do MP-PI de prenome Míriam, em audiência com esse jornalista, declarou com riquezas de detalhes que a prioridade a pessoa com deficiência visual, prende-se apenas e somente a mulher estuprada, criança violentada e idoso agredido, tais garantias são atribuições do IML, qualquer outro pleito solicitado por pessoas com algum tipo de deficiência terá que amargar 3 anos de espera na fila, esse foi o motivo que determinei o arquivamento do processo).

A então presidente da Fundação Antares, senhora Núbia, ao se recusar atender pleito da Associação dos Cegos do Piauí para divulgar eleição parametrizada da instituição, emitiu circular a todos os apresentadores, jornalistas, radialistas e produtores, proibição a qualquer expressão referente a (cegos) nos canais dessa concessão pública de rádio e televisão pertencente ao governo do estado do Piauí (moral da história: Segundo informações extraoficiais, recebeu prêmios pelo seu extraordinário trabalho prestado no final do mandato).

O radialista Joel Silva, em debochada expressão disse: A deficiência é o freio inibitório para conter a evolução de um mau caráter (moral da história: Olha o Marcos Valério, tão inteligente podia ter tido uma deficiência).

Discurso na tribuna da ALEPI: Cuido de cego, doido, aleijado, surdo e mudo (moral da história: Autoridade eclesiástica ignora convenção da ONU em Salamanca na Espanha).

Então titular do Centro de Apoio a pessoa com Deficiência MP-PI, há 14 anos deu parecer proibitivo a instalação de sinais sonoros na Av. Frei Serafim (moral da história: Vergonhosamente revogou Lei Federal 1098/2000 art.9º. É a roda grande girando dentro da pequena).

A Pintos Magazine, ao recusar contrato para crediário desse jornalista protagonizou o seguinte deboche: “O senhor é um cego, portanto precisa apresentar alguém para assinar pelo senhor, que pode ser um tutor, curador ou fiador (moral da história: A justiça indeferiu dano moral com o esdruxulo pretexto, uma transação comercial tem obrigatoriamente que ter o acordo das partes. Em minha miserável avaliação me detive ao julgamento do rei Salomão, quanta diferença!)

Em certa ocasião ao me direcionar a Superintendência da Caixa Econômica Federal para um compromisso, fui bloqueado na porta giratória, o jagunço de plantão travestido de guarda de segurança do dinheiro federal me aplicou uma gravata com seu braço imundo no meu pescoço  me arrastando de costa e aos gritos disse que queria saber o que havia na minha pasta, que a mesma podia esconder uma arma para cometer um assalto, acrescentou do alto de sua imbecilidade que a minha bengala por ser metálica tinha que ser depositada em uma caixa de objetos. Denunciei o fato a Procuradoria-Geral da República secção Piauí, o procurador Kelton Lages, indeferiu a denúncia acostando a sua manifestação, recortes de jornais, BOs de Delegacias de Polícia, matérias de jornais cumulado com a lei de 1984 com as devidas ressalvas que assegurava aquele canalha lotado na Caixa Econômica todas as garantias ao abusivo crime cometido em desfavor de um homem com deficiência visual no exercício de sua cidadania, nesse caso além da queda o coice.

O então presidente da Associação dos Cegos do Piauí Adailton Pacheco, recém-eleito foi a Caixa Econômica, agencia José dos Santos e Silva para atualização de autógrafo, ao ser recepcionado pelo gerente foi desrespeitado de forma vil, quando o despreparado e desqualificado funcionário detentor de cargo de liderança assegurou ao inexperiente representante da Acep: Aqui não dou talão de cheque para cego como você, entendo que és um analfabeto incapaz e incompetente para receber um documento de tamanha importância. Você não lê, não escreve, portanto como vais usar esse cheque? Ao final dessa canalhice o calhorda travestido de gerente esbravejou que o Adailton poderia ir buscar seus direitos aonde quisesse(moral da história: Esse criminoso ato causou imensos prejuízos a 1500 membros associativos representados pelo Adailton, legalmente eleito com garantias constitucionais e institucionais para o cargo que tentava desempenhar naquela casa creditícia. Mais uma vez a impunidade honrou a bandalheira do gerente calhorda).

Se eu quisesse me estender com essas pepitas iria até o final do ano 2021. Meu objetivo de apresentar este relato tem como matéria-prima exigir que o pau que bate em Chico, também seja usado no Francisco, mesmo que seja o do Vaticano. Qual o crime maior, é o de homofobia e racismo ou o preconceito, discriminação, exclusão e retaliação a pessoa com algum tipo de deficiência?

Dados estatísticos oficiais do IBGE censo 2010, registra 46 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência existente no Brasil, 6,5 milhões exclusivamente com deficiência visual, no estado do Piauí 850 mil indivíduos com deficiência, 350 mil exclusivamente com deficiência visual, em Teresina capital do Piauí 220 mil pessoas, sendo a maioria sobrevivente da mais absoluta exclusão.

Enquanto a justiça do Brasil e do Piauí reconhecerem essa comunidade como portador de deficiência, portador de necessidades especiais, cidadãos e cidadãs de 5ª categoria, estamos caminhando a passos largos para o ostracismo, mendicância e invisibilidade pública.

Carlos Amorim DRT 2081/PI

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