Reminiscências fúnebres

Oitenta e dois anos de idade, a soma de oito mais dois são dez, número da camisa do Pelé nos gramados do mundo. Nesse 29 de dezembro morreu Edson Arantes do Nascimento, cassado no ar, mar e terra, assediado de forma brutal pela população do mundo, consegue se desvencilhar de tudo e finalmente tem merecido sossego na eternidade.

Por 3 vezes assistir o Pelé jogar, Vila Belmiro (campeonato paulista), Maracanã, (amistoso Cosmos dos Estados Unidos e seleção Carioca), Mineirão (jogo beneficente contra combinado local). Nesses jogos prestei serviço ao Jornal do Brasil como auxiliar de cabo. Na viagem para Belo Horizonte no cafezinho do aeroporto Santos Dumont, Rio de janeiro me deparei com Armando Marques(árbitro de futebol), Mário Viana e o cantor Luís Carlos Magno, todos do meu conhecimento.

Enquanto saboreava um Cappuccino ouvi a conversa dos três, a que me chamou atenção foi o causo do Armando Marques, ao asseverar que o Pelé não era a flor que muita gente imaginava, dava muita pancada de forma sutil, principalmente cotoveladas enquanto corria com o adversário do lado contrário ao juiz, pois era habilidosíssimo na condução da bola em alta velocidade, com técnica própria sempre colocava a bola do lado oposto ao adversário, sendo o toque de bola com classe com ambas as pernas, prática fatal aos goleiros.

O que posso garantir é que Pelé, no exercício da sua arte sempre aparecia no lance de forma mágica, inesperadas, surpreendendo de forma mortal o adversário, era presença permanente no lugar certo e na hora exata para uma bela jogada ou realizar o gol de placa.

Especula-se que o agravamento da patologia do craque refere-se a derrota da seleção brasileira, em virtude que assistiu as duas primeiras partidas que o Brasil logrou êxito, sendo afetado emocionalmente com a contusão do Neymar, consequentemente com a eliminação do Brasil, fato que o obrigou a retornar ao hospital.

Pelé na sua trajetória de vida dispensa comentário no quesito hegemonia máxima em clássicos em todos os estados do mundo, consagrado, respeitado e admirado por reis, rainhas, autoridades representativas de países, premiado, acariciado, cortejado e admirado, conseguiu com a sua presença suspender uma guerra civil no Congo, quando todos felizes e irmanados abandonaram as armas e foram juntos ao estádio para venerar o deus do futebol, após o final do jogo retornaram a carnificina.

Em 1969 ao marcar seu milésimo gol na cobrança de pênalti contra o Vasco da Gama, o goleiro era o Andrada, após o gol foi sufocado pela imprensa esportiva do mundo que cobriam o evento, muito emocionado fez um pedido histórico (No meio de toda aquela loucura pediu pelo amor de Deus por três vezes consecutivas, que cuidassem dos idosos, dos pobres e das criancinhas. O resultado desse veemente apelo sabemos hoje as providencias tomadas).

Como o Pelé também era ser humano, não poderia passar por esse plano sem causar algum comentário ou crítica em seu desfavor, a presença do emblemático episódio da senhora Sandra, sua filha que para ter reconhecimento e o nome do pai ajuizou ação judicial, sendo o resultado do DNA positivo. O craque não respeitou a confirmação científica e jamais atendeu chamados, convites, apelos, gentilezas, solidariedades e outros para recepcioná-la como legítima filha, correndo em suas veias o mesmo sangue do seu genitor, morreu em decorrência de patologia Leucemia, ou seja, câncer no sangue, sem que no seu leito de morte houvesse a presença do pai por um segundo sequer. Sou obrigado a reconhecer o adágio popular, “quem faz aqui, paga aqui mesmo”.

A Câmara Municipal de Teresina aprovou há décadas uma honraria ao senhor Edson Arantes do nascimento, que morreu ontem, não teve a gentileza para respeitar o teresinense. O então governador do Piauí excelentíssimo senhor Alberto Silva, de saudosa memória, contratou o Santos Futebol Clube para uma partida de futebol na Praça esportiva de Teresina, o gigante Albertão, situado no bairro Monte Castelo, ainda no aeroporto o governador tomou conhecimento através da imprensa que o Pelé não acompanhava a delegação, o governador imediatamente determinou que o Santos retornasse para São Paulo revogando de forma definitiva o contrato desonrado, (fala-se a boca pequena, possível contusão do Pelé, como pretexto para não vir a Teresina).

Portanto, as virtudes e falhas da humanidade independem de suas genialidades no plano terrestre, somos massa idêntica e igualitárias em gênero, número e grau, apenas e tão somente o espírito é o diferencial. Que Deus tenha o “gasolina” no lugar que ele merece.

Carlos Amorim DRT 2081/PI

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Jornalista Carlos Amorim
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